sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O cinema e os conflitos no Oriente Médio

As atenções do mundo estão (novamente) voltadas para o Oriente Médio. A invasão e o genocídio israelense na faixa de gaza mantém a área sob os holofotes do mundo. Porém, poucas pessoas no ocidente tem consciência da complexidade do tema, onde é impossível identificar heróis ou vilões. Talvez por isso, os melhores filmes que tratam sobre a questão sejam dirigidos e roteirizados por pessoas diretamente ligadas a região. Através destes pode-se compreender melhor os conflitos; mais do que explicar um todo, percebe-se nos filmes uma intencão de explicitar um contexto específico em cada um deles. Assim, somando, forma-se um grande mosaico das relações conflituosas do Oriente Médio, visto de diversos ângulos, sob vários pontos de vista diferentes. PARADISE NOW-Direção e Roteiro: Hany Abu-Assad Dois amigos são recrutados para serem homens-bombas em um atentado. No dia do atentado, eles enfrentam seus medos, suas dúvidas e certezas. Um dos mais premiados filmes sobre o tema, retrata o cotidiano de crianças e homens que se tornam terroristas. Recebeu uma indicação ao Oscar de Filme Estrangeiro. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO-Direção: Saverio Costanzo O filme mostra a convivência forçada entre uma família palestina e soldados israelenses que passam a morar no segundo andar da casa de Mohammad B. (Mohammad Bakri). Os israelenses insistem para a família abandonar a casa, mas Mohammad não aceita. A família começa a se dividir, alguns querem ir embora, enquanto outros querem lutar. O pai é um sonhador e pacifista, não quer lutar contra os israelenses, mas também não quer entregar sua casa. O elenco de Violação de Domicílio foi muito bem escolhido e mostra que também fora das telas a convivência entre israelenses e palestinos é possível, já que o diretor Saverio conseguiu reunir ambas etnias em seu filme. Pelo fato da família palestina ser a protagonista do filme e ter pouco contato com os soldados israelenses, pode parecer que a intenção de Costanzo tenha sido defender o lado palestino. Mas, por meio da visão da filha mais velha, podemos perceber que os soldados são jovens confusos que estão cumprindo um dever e se preocupam com o que está acontecendo. O filme ganhou diversos prêmios e foi escolhido pela Itália como seu representante ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mas a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas recusou a inscrição devido ao filme não ser falado em italiano. SYRIANA-Direção e Roteiro: Stephen Gaghan O filme retrata as ligações entre governos, empresas privadas e príncipes árabes na comercialização de petróleo. Apesar de ser uma produção norte americana, o filme de Gaghan não é condescendente com seu país. De similar com as produções Hollywoodianas, apenas o ritmo acelerado que permeia o filme do início ao fim. Quem conseguir desenredar o novelo criado por Gaghan, terá um entendimento mais profundo das complexidades que rodeiam a corrida pelo petróleo, onde a extrema dependência americana não só justifica todo o tipo de ações, como também condiciona a sua política externa. E, como o extremismo não só é rentável, como estimulado. Com efeito, Syriana é um termo usado em Washington para descrever um Oriente Médio reformulado e reestruturado segundo a ideologia ocidental. BRUTALIDADE SEM LIMITES-Direção e Roteiro: Yilmaz Arslan Apesar de ganhar diversos prêmios internacionais, o filme Brutalidade Sem Limites é subestimado e pouco conhecido no Brasil. Talvez, prejudicado pela péssima tradução do título original (Fratricide) e pela deficiente campanha de lançamento. Retratando a dificuldade de adaptação de um curdo, ao deixar sua casa e família em sua terra natal para juntar-se a seu irmão na Europa, o filme mostra como alguns conflitos atravessam fronteiras e como imigrantes curdos são recebidos pelos países europeus. YOM KIPPUR-Direção: Amos Gitai O cineasta israelense Amos Gitai dá sua visão sobre os ataques a Israel, cometidos no dia do perdão (Yom Kippur) em 1973.Para entender a guerra de Yom Kippur, é preciso voltar aos acontecimentos de sete anos antes. No dia 5 de junho de 1967, Israel anexou grande parte dos territórios dos vizinhos Egito, Síria, Jordânia e Líbano, o que despertou profundo ódio anti-israelense em todo o mundo árabe. Em 1973, tropas do Egito e da Síria, apoiadas por outros exércitos árabes, aproveitaram o feriado judeu de Yom Kippur para lançar uma ofensiva contra Israel em duas frentes, norte e sul. Apesar da visão assumidamente unilateral do filme (Gitai participou como soldado na guerra), o consenso em torno da obra chega quando o assunto é o ataque do diretor contra as guerras e o modo naturalista como o cineasta filma o conflito. PROMESSAS DE UM NOVO MUNDO-Direção: Justine Arlin, Carlos Bolado e B.Z. Goldberg Belíssimo documentário que retrata a questão da terra e do conflito Israel / Palestina sob o ponto de vista de crianças.

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