
Em nenhum outro país, a poesia tem o poder aglutinador que possui na Rússia, pois o russo encara o poeta como uma espécie de xamã possuído pela Verdade, um iluminado que pode fazê-lo descortinar um lampejo de sentido para as coisas. Este livro traz uma compilação que abrange desde o período pré-revolução até a política da Perestroika nos anos 80. O autor nos dá um amplo panorama do que foi a poesia 'não-oficial' produzida na URSS. Como 'não oficial' entende-se tudo que não se alinhava a esterilidade das diretrizes oficiais do realismo socialista e do culto à personalidade de Stálin. "Não escrevemos para fazer propaganda. A arte é real, como a própria vida. E como a própria vida, não tem objetivo e nem significado. Existe apenas porque não pode fazer de outra forma." É com estes versos que Mikhail Zoshtchenko firma um manifesto em 1922, contrário a grandes autores da época que haviam sucumbido à armadilha ideológica; Górki foi um dos que expôs, com ênfase e orgulho, a doutrina do Realismo Socialista, em 1934. Lauro Machado Coelho nos apresenta, em ordem cronológica, poetas como Arsênyi Tarkóvski, Novella Matvêieva, Ievguêni Ievtushenko e Semiôn Kirsánov.
"São muitas, seguramente, as coisas que ainda querem ser cantadas por mim:
tudo o que mudo ressoa,
o que no escuro subterrâneo afia a pedra,
o que irrompe através da fumaça.
Ainda não ajustei contas com a chama,
nem com o vento e nem com a água...
É por isso que a minha sonolência
abre-me, de par em par, os portões
que levam à estrela da manhã." Anna Akhmátova - Táshkent, 1942
Dados Técnicos:
Formato 15,5 x 23 cm
656 pags.
Preço: R$ 68,00
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