
Nos ultimos dias o governo brasileiro concedeu status de refugiado político ao ex-militante italiano Cesare Battisti. O governo italiano protestou, mas o presidente Lula não recuou, relembrando outras histórias de asilo político. A história de Battisti é cheia de controvérsias e reveses.
Battisti nasceu em 1954, participou de levantes estudantis em 68 e se engajou ao ativismo de extrema esquerda, entrando para o
PAC (Proletários Armados para o Comunismo). Em 1979, detido em uma operação anti-terrorista, é acusado de assassinato. Recusa-se a se defender, mas jura inocência. Foragido, instala-se no México, onde é co-fundador da revista cultural
Via Libre. Em 1990 vai para Paris. Durante os quinze anos em que ali viveu, passou a escrever romances policiais. Seu texto de estréia,
Les Habites d'ombres, de 1993, é marcado por fortes traços autobiográficos.

Também em 1993, à revelia e com base em um processo bastante contestável, a Justiça italiana o condena à prisão perpétua, sob a acusação de quatro assassinatos entre 1978 e 1979. Mais uma vez, ele nega culpa.
Em fevereiro de 2004, o governo Chirac revoga a medida do antecessor (Miterrand) e Battisti é detido em Paris, em meio a protestos de intelectuais, artistas e personalidades políticas francesas de esquerda. No mesmo ano o governo francês concede a extradição à Itália. Battisti foge. Em 18 de março de 2007, é detido em Copacabana e preso em Brasília. Depois da concessão de asilo político o ativista pode deixar a prisão e viver em liberdade no Brasil.
Trecho do livro
"Minha Fuga Sem Fim"

"Escrever para não me perder na névoa dos dias intermináveis, a cabeça enfiada no travesseiro, repito para mim mesmo que não é verdade. Que não sou esse homem que a mídia transformou em monstro e condenou ao silêncio das sombras. Que só pode se tratar de um personagem de romance, um desses obstinados que ficam tentando se impor e destruir a história que se está escrevendo. Tantas vezes corri atrás deles ao longo de meus livros que não posso deixar de reconhecê-los. E sei que não é nada fácil alcançá-los. Refaço, então, o caminho inverso - eu me conto."
Cesare Battisti
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