Giuseppe Cocco escreve sobre a visita de Obama ao Brasil.
O blog da Moviola agradece a gentil colaboração e o texto exclusivo que só enriquece nosso espaço e fomenta mais debates e idéias.
Acho que o Obama continua sendo um símbolo positivo e ao mesmo tempo uma decepção, para os americanos que lutam em Wisconsin, para os povos da África do Norte e do Oriente Médio que lidam com a hipocrisia de sua política externa: contra o ditador Kadafi, a guerra injusta e hipócrita para tomar o controle do petróleo; na Arábia, Jordânia, Iemen e Barhein, é a guerra contra a democracia, em favor dessas ditaturas teocráticas inventadas pelo colonialismo e sustentadas pelo imperialismo.
Ao mesmo tempo, penso que os setores do PT que participam das mobilizações contra Obama - corretamente estão dando um recado a uma inflexão ruim da política externa com Dilma, com relação à riqueza inovadora do período Lula - deveriam estar mais mobilizados no dia a dia junto as lutas dos pobres contra as políticas de remoções do Eduardo Paes e também para aprofundar o processo de transformação democrática do país. Há uma lógica neo-desenvolvimentista que está voltando atrás, a um modelo de país do século XX: petróleo, centrais nucleares, global-players e só!
Então, a mobilização em ocasião da vinda de Obama deve ser uma reflexão diante da crise econômica (do capitalismo global), social (a crise européia que se aprofunda com a amplificação das força xenófobas) e agora "ontológica", com a catástrofe de Fukushima, da indústria nuclear que ameaça a própria vida e, pois, o próprio pensamento!
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GIUSEPPE COCCO, cientista político, doutor em história social pela Universidade de Paris, é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor, entre outras obras, de “MundoBraz: O Devir Brasil do Mundo e o Devir Mundo do Brasil”.
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